Um poema ao “Cidade e mar do bem comum”
Rosana Magalhães Gaeta
out 2020
Tudo começou com os golfinhos
Como podem ser tão instigantes e bonitos, perguntava eu?
Mas afinal ia ficar olhando pela tv e nada mais ia eu fazer?
Que sonho este de ficar somente imaginando?
Só mais alguns anos e a aposentadoria ia me envolver
Haveria lógica no trabalho fora da lógica do mercado?
Na saúde ia me aposentar e o meio ambiente queria proteger
Golfinhos … mar… sair da grande metrópole e na praia ir viver
Tantas indagações que me puserem a mexer
A alma me conduzia, corpo e mente se moviam
O projeto qualidade de vida para mim e para todos foi crescendo
Virou meu trabalho e envolveu muita gente
daí virou “Cidade e mar do bem comum”
Gente da saúde do SUS, da educação, da faculdade de Saúde Pública,
da ONG CAMI, agricultor, gente de São Paulo bairros de São Mateus,
Aricanduva, Mooca, Belenzinho, Pari
Tatuapé, Brás, Água Rasa, Vila Formosa, Vila Carrão,
gente também de Registro e Ubatuba
gente entre 2009 e 2015
gente que divulgou pra mais gente
formando uma grande corrente falando com afeto em forma de sarau
sobre saúde, auto cuidado, alimentação saudável orgânica,
atividade física, enfrentamento a esta tal ansiedade,
integração e nossa inter-relação sistêmica com a vida deste planeta
Falou também das toninhas
os golfinhos muito pequeninos que vivem por aqui
no litoral sul e sudeste do Brasil, na Argentina e Uruguai
mas pobrezinhos destes golfinhos
estão em risco de extinção
por que meu Deus?
-Devido ao nosso modo de vida,
consumista, egocêntrico,
produtor de toneladas de lixo de contaminação e de destruição ambiental
Golfinhos pequeninos
As toninhas, para outros as franciscanas
Como disse Guimaraes Rosa:
-“Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?”
Amor para mim é a salvação
Amor a mim mesma aos outros e a todos deste planeta
Amor pede sabedoria e atitude
Atitude pede mudança
No movimento do “Cidade e Mar do bem comum”
Muitas sementes foram lançadas
Perdi o tempo para observar tanta colheita
Fica aqui minha homenagem a todas e todos que semearam
Agora na arte vejo meu lugar
Mas, dos golfinhos e das toninhas continuo a falar!
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