Bolívia: nova reserva de área úmida com 7 milhões de hectares
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05 de Fevereiro de 2013
Lago Rogaguado: áreas úmidas contribuem para o ciclo hidrológico e abrigam grande biodiversidade. Fotos: Vandré Fonseca
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Dia 02 de fevereiro é Dia Mundial das Áreas Úmidas, estabelecido durante a Convenção de Ramsar, nome da cidade iraniana onde eram feitas as negociações naquele ano de 1971. Hoje, 164 países já assinam a convenção.
Lhanos de Moxos ocupam 6,9 milhões de hectares na fronteira com Brasil e Peru. Clique para ampliar.
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A Bolívia celebrou os 42 anos do acordo com a designação dos Lhanos de Moxos, uma área de savanas tropicais na Amazônia Bolíviana, como sítio Ramsar. Com 6,9 milhões de hectares, mais extensa do que o estado da Paraíba, tornou-se a maior área mundial incluída na Convenção de Áreas Úmidas.
Os Lhanos, a exemplo de outras áreas úmidas, são importantes para o ciclo hidrológico, conforme explica a bióloga Maria Teresa Piedade, que lidera os estudos sobre Ecologia, Monitoramento e Uso sustentável de áreas úmidas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Na época das cheias, guardam a água, desviando parte para o lençol freático e moderando o fluxo dos rios e possíveis inundações. Na seca, servem de reservatório de água. Essas regiões têm também papel destacado na manutenção da biodiversidade e de populações humanas.
Três rios cortam os Lhanos de Moxos, sujeito a secas cíclicas e períodos de inundações: Beni, Guaporé e Mamoré, que correm para o Brasil, onde formam o Rio Madeira, o maior afluente da margem Sul do Amazonas, ameaçado por hidrelétricas.
Os Lhanos de Moxos é uma região de grande biodiversidade, onde já foram identificadas 131 espécies de mamíferos, 568 diferentes aves, 102 de répteis, 62 de anfíbios, 625 de peixes e pelo menos 1.000 espécies de plantas. Por lá vive uma subespécie do boto-vermelho ou boto-cor-de-rosa, a Inia boliviensis, o golfinho boliviano.
Segundo informações da WWF (World Wildlife Fund, em inglês), entre 800 aC e 1200 dC, três séculos antes da chegada dos europeus, a região já contava com um eficiente sistema hidráulico desenvolvido por povos locais ao longo de dois mil anos. Ele garantia a produção agrícola e a sobrevivência da população. Hoje, é uma região pouco habitada, onde são encontrados camponeses e fazendas. Os Lhanos de Moxos abrigam 7 territórios indígenas e 8 áreas protegidas.
Na região dos Lhanos de Moxo já foram identificadas 102 espécies de répteis.
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A Bolívia aderiu à Convenção de Ramsar em 1990 e a ratificou em 7 de Maio de 2002. O país tem outros 8 sítios Ramsar. Já o Brasil assinou a convenção em 1993 e três anos depois ratificou a decisão. O site do Ministério do Meio Ambiente lista 11 sítios reconhecidos no Brasil, entre eles o Parque Nacional do Araguaia (TO), o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA e ES) e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (AM).
Maria Teresa, porém, afirma que o Brasil não tem cuidado bem de suas áreas úmidas. “A discussão do Código Florestal serviu pelo menos para isso, agora todo mundo fala em área úmida na televisão”, considera a bióloga. Infelizmente, ainda é pouco.